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Radio Zapatista

Uma aliança negra, indígena e popular para mudar o mundo: VIII Jornada de Agroecologia da Teia dos Povos

Texto: Radio Zapatista | Fotos: Teia dos Povos | Vídeos: Teia dos Povos e Radio Zapatista

Enquanto no planeta o ódio, a intolerância e a imposição do mundo único se propagam como vírus, no Brasil milhares de pessoas se reúnem na VIII Jornada de Agroecologia da Bahia, organizada pela Teia dos Povos, uma grande aliança negra, indígena e popular do campo e da cidade, para refletir sobre o estado do nosso mundo, continuar construindo autonomias e celebrar a grande pluralidade de formas de ser, viver, resistir e criar vida fora da lógica do capital e do Estado.

A Teia dos Povos nasceu em 2012 perante a compreensão de que nem os povos indígenas, nem os povos afrodescendentes, nem os povos camponeses, nem os sem-terra, nem as luchas populares urbanas poderão enfrentar sozinhos a espoliação e a violência de um sistema cada vez mais voraz. Foi assim que começou a construção dessa grande articulação de movimentos sociais autonomistas de baixo e à esquerda no campo e na cidade, que hoje inclui um grande número de núcleos em dez estados do país.

A Teia dos Povos se organiza em núcleos de base — territórios onde se constrói e defende a autonomia — vinculados em rede por meio de elos da teia — organizações, coletivos e indivíduos sem um território próprio, que servem de apoio e vinculação entre os diferentes núcleos. Cada dois anos, a Jornada de Agroecologia reúne milhares de membros dos povos indígenas, afros e populares do campo e da cidade para continuar construindo essa grande articulação de autonomias.

Esta VIII Jornada aconteceu pela primeira vez na cidade de Salvador, Bahia: a cidade mais negra do Brasil, com uma população em torno a 80% afrodescendente, com uma rica cultura derivada de séculos de resistência em um contexto de racismo sistêmico e de repressão por parte das forças policiais, que na Bahia são as mais mortais do país, como denunciou Thiago Torres durante a Jornada. Com o tema “Aliança do campo e da cidade para o combate à fome e à pobreza”, a VIII Jornada reuniu vários milhares de pessoas de diversos estados do Brasil, do 29 de janeiro ao 2 de fevereiro de 205.

Ancestralidade viva

Os povos resistem e constroem outras realidades a partir da sua própria visão de mundo, diferente e oposta à imposta pelo capitalismo, e da sua conexão com uma ancestralidade que é o fundamento dessa visão. Assim, entre as reflexões e denúncias das diversas violências sofridas pelos diferentes povos reunidos, a celebração da ancestralidade está sempre presente. É por isso que a inauguração da Jornada no 29 de janeiro começou com um ritual de apertura dos povos indígenas e outro dos povos pretos:

Trata-se de uma espiritualidade nunca desvinculada do político, uma espiritualidade que dá sentido à luta pela vida e pelo cuidado dos territórios, em sua dimensão sagrada tão diferente do pensamento utilitário capitalista. Uma espiritualidade que celebra a vida com alegria, com os orixás, inquices e voduns africanos e os encantados indígenas e outras entidades dançando, celebrando, lutando, resistindo e reexistindo entre os vivos.

Pensar com o coração

Reflexão para a luta, o pensamento crítico coraçonado é fundamental para a construção de alternativas de base no contexto da “tormenta”, da crise civilizatória atual. Entender a conjuntura atual no Brasil e no mundo, que põe em risco a própria vida no planeta, é tarefa imprescindível dos povos em luta. Assim, a Jornada começou com uma análise da conjuntura na plenária, seguido de grupos de discussão denominados malocas de saberes, com os temas: terra e território, saúde, educação e agroecologia populares, entre outros. Ali se discutiram não apenas as problemáticas, mas também as iniciativas para recuperar e defender a terra e construir a autonomia nos diversos territórios, que vão de aldeias indígenas a quilombos afrodescendentes, assentamentos do MST, periferias urbanas e outros.

Além disso, acadêmicos e pesquisadores de todo o Brasil se reuniram em mesas temáticas para compartilhar seus trabalhos, lançando um olhar outro sobre a realidade dos territórios a partir da valorização dos conhecimentos e saberes das próprias comunidades. Os eixos temáticos incluíram: educação do e no campo, educação contextualizada e educação popular; agroecologia, câmbios climáticos e sistemas agroflorestais; ancestralidade, cultura e arte; conflitos territoriais, meio ambiente, Estado e sociedade; soberanias populares.

Mulheres, juventudes, infâncias e outros amores

Para a Teia dos Povos, como para o zapatismo, as mulheres são fundamentais na construção de outras realidades. Em plenária, a terceira noite do encontro, as mulheres realizaram uma grande roda onde, depois do canto coletivo, dialogaram sobre diversos aspectos da sua vida nos territórios, suas organizações e suas iniciativas comunitárias, assim como as estratégias coletivas para enfrentar o patriarcado e o papel da mulher na luta por terra e território.

Nessa roda de mulheres apresentou-se também uma nova iniciativa: a criação do Coletivo TransTeia, no qual se organizam as pessoas trans em sua luta contra a LGBTfobia e a violência de gênero. Discutiu-se a presença “transcestral” e de outras corpas dissidentes na Teia dos Povos. Denunciou-se a violência que sofrem as dissidências sexuais no Brasil, país que nos últimos 16 anos consecutivos ocupa o primeiro lugar em assassinatos de pessoas trans e travestis. Com poesia, dignidade e alegria apesar de tudo, foi declarado inaugurado o Coletivo TransTeia.

Para a Teia dos Povos, a juventude é também fundamental. Nesta VIII Jornada de Agroecologia, a juventude foi responsável por honrar as companheiras e companheiros ausentes, aquelas e aqueles que se encantaram nos últimos anos. Centenas de jovens realizaram um cortejo com cantos, estandartes e ferramentas de trabalho para celebrar a vida das e dos ausentes, terminando com uma grande roda onde os jovens fizeram demandas coletivas e compartilharam experiências e criações artísticas.

No fim da Jornada, os jovens escreveram esta Carta da Rede de Juventude da Teia dos Povos da Bahia.

As crianças não podem faltar, nunca. Na Jornada criou-se um Terreiro Lúdico onde, além dos muitos jogos e brincadeiras, houve contação de histórias, leitura de livros educativos, uma visita a uma biblioteca móvel, distribuição de livros, uma exposição da Rede de Zoologia Interativa e teatro de fantoches.

Rede de Capoeiristas da Teia dos Povos

A capoeira é uma arte marcial anticolonial criada pelos escravizados no Brasil em sua luta pela liberdade, a partir de tradições ancestrais africanas. À diferença de outras artes marciais concebidas como meios de combate frontal em situações de guerra, a capoeira é uma arte dos subalternos, uma arte de combate furtiva, clandestina: uma guerra de guerrilhas. É por isso que a manha, o engano,  o jogo que esconde o ataque supressivo, o mistério, a magia, o poder do encantamento são a própria essência da capoeira: a mandinga. Jogo, dança, música, acrobacia, luta e ancestralidade se misturam numa arte que vai muito além de uma simples técnica de combate, com um forte vínculo com as práticas espirituais de matriz africana.

Durante a Jornada, inaugurou-se a Rede de Capoeiristas da Teia dos Povos, considerada fundamental na autodefesa dos povos, que por sua vez é uma das dimensões essenciais da construção da autonomia. Para celebrar a criação da Rede de Capoeiristas, realizou-se uma grande roda de capoeira na qual participaram diversos mestres e mestras, mulheres, homens e crianças.

Sem dança não há revolução

Sem dança não há revolução, dizem que dizem. Nada mais verdadeiro nesta VIII Jornada, em que a dança, a música e a celebração da vida foram onipresentes. Perante a espoliação, a dignidade; perante a violência, o respeito e a alegria; perante a competição e o lucro, a solidariedade e o comum; perante a morte, a vida; perante a dor, a dança. Em todo lugar, em todo momento, grandes ou pequenas rodas de música e dança, celebração e vida, surgiam, planejadas ou espontâneas.

Um dos momentos mais alegres foi o samba de roda Quixabeira da Matinha, composto por agricultoras e agricultores da comunidade quilombola Matinha dos Pretos, com 35 de luta e resistência, com músicos autodidatas que receberam o conhecimento dos mais velhos e por sua vez o transmitem aos mais jovens.

Também esteve presente Bule-Bule, músico, repentista, escritor e poeta, referência das tradições musicais nordestinas e companheiro da Teia dos Povos. Com a gente também esteve o compositor, cantor e músico Mateus Aleluia, originário de Cachoeira, guardião de saberes ancestrais do povo negro e um dos mais importantes compositores da música popular brasileira.

Soberania alimentária e a arte de compartilhar

Um dos principais eixos da Teia dos Povos é a soberania alimentar, assim como a cultura da compartição, da coletividade e da solidariedade. As muitas caravanas organizadas de uma grande diversidade de geografias do Brasil montaram refeitórios comunitários autônomos com alimentos cultivados nos territórios, oferecendo café da manhã, almoço e janta para os milhares de pessoas presentes na Jornada. Comer em coletivo, compartilhar histórias, agradecer as muitas mãos e corações que possibilitaram essa abundância generosa e solidária virou, assim, um ato político de construção de outra forma de viver e de nos relacionarmos, em um mundo regido pela lógica do lucro a qualquer custo.

Ao longo de todo o evento, houve também uma Feira Agroecológica dos Povos, com membros de diversas comunidades, assentamentos, quilombos e aldeias da Teia dos Povos vendendo artesanato, alimentos e todo tipo de produtos produzidos pelos povos organizados.

Literatura e poesia

Evidentemente, não poderia faltar uma feira literária, onde se lançaram livros publicados pela Editora da Teia dos Povos e outras editoras companheiras e independentes, como a Glac Edições, além de debates, leituras e um sarau poético no qual, entre muitas e muitos outros poetas, se apresentou o companheiro Nelson Maca (leia/escute a entrevista com Rádio Zapatista em agosto de 2016).

Zapatismo, Autonomia e a Teia dos Povos

Um dos eventos nesta VIII Jornada de Agroecologia da Bahia foi o lançamento do livro Sonhando a Terra do Bem Virá: Zapatismo, Autonomia e a Teia dos Povos, uma colaboração entre Rádio Zapatista, a Teia dos Povos e a editora independente Glac Edições.

A proposta política da Teia dos Povos é, em muitos sentidos, semelhante à construção zapatista e, sobretudo, à proposta da Sexta Declaração da Selva Lacandona: a criação, fortalecimento e multiplicação de autonomias locais, cada uma de acordo às suas formas, e sua vinculação em rede, com o fim de criar um sujeito político global capaz de enfrentar o sistema de morte que vivemos. As ressonâncias, portanto, entre a construção da Teia dos Povos e o zapatismo são mais que evidentes. Em 2021, a editora da Teia dos Povos publicou o magnífico livro Por Terra e Território, de Joelson Ferreira e Erahsto Felício, que examina as diferentes áreas da autonomia concebidas pela Teia dos Povos e os desafios por construí-las nos seus territórios.

Agora, no livro Sonhando a Terra do Bem Virá, com prefácio de Joelson Ferreira, um dos idealizadores e impulsores da Teia dos Povos, Alejandro Reyes discute as diferentes áreas da autonomia zapatista, suas origens, seu processo de construção, seu funcionamento e os muitos desafios que ainda enfrentam, além de um breve percorrido histórico desde a fundação do EZLN em 1983 até as mais recentes mudanças nas estruturas do governo autônomo e a iniciativa do comum.

 

Leia aqui a Carta da VIII Jornada de Agroecologia da Bahia.

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Radio Zapatista

Una alianza negra, indígena y popular para cambiar el mundo: VIII Jornada de Agroecología de la Teia dos Povos

Em português aqui.

Texto: Radio Zapatista | Fotos: Teia dos Povos | Videos: Teia dos Povos y Radio Zapatista

Mientras alrededor del mundo el odio, la intolerancia y la imposición del mundo único se propagan como un virus, en Brasil miles de personas se reúnen en la VIII Jornada de Agroecología de Bahía, organizada por la Teia dos Povos (Tejido o Red de los Pueblos), una gran alianza negra, indígena y de abajo del campo y la ciudad, para reflexionar sobre el estado de nuestro mundo, continuar construyendo autonomías y celebrar la gran pluralidad de formas de ser, vivir, resistir y crear vida al margen del capital y del Estado.

La Teia dos Povos nació en 2012 ante la comprensión de que ni los pueblos indígenas, ni los pueblos afrodescendientes, ni los pueblos campesinos, ni los sin tierra, ni las luchas urbanas de abajo podrán enfrentar por sí solos el despojo y la violencia de un sistema cada vez más voraz. Fue así que se empezó a construir esa gran articulación de movimientos sociales autonomistas de abajo y a la izquierda en el campo y la ciudad, que hoy incluye un gran número de núcleos en diez estados del país.

La Teia dos Povos se organiza en núcleos de base —territorios donde se construye y defiende la autonomía— vinculados en red por medio de eslabones de la red —organizaciones, colectivos e individuos sin un territorio propio, que sirven de apoyo y vinculación entre los diferentes núcleos—. Cada dos años, la Jornada de Agroecología reúne miles de miembros de pueblos indígenas, afros y de abajo del campo y la ciudad para seguir construyendo esa gran articulación de autonomías.

Esta VIII Jornada se realizó por primera vez en la ciudad de Salvador, Bahía: la ciudad más negra de Brasil, con una población de alrededor de 80% afrodescendiente, con una rica cultura derivada de siglos de resistencia en un contexto de racismo sistémico y de represión por parte de las fuerzas policiales, que en Bahía son las más mortales del país, como denunció Thiago Torres durante la Jornada. Con el tema “Alianza del campo y la ciudad por el combate al hambre y a la pobreza”, la VIII Jornada reunió a varios miles de personas de diversos estados de Brasil del 29 de enero al 2 de febrero de 2025.

Ancestralidad viva

Los pueblos resisten y construyen otras realidades a partir de su propia visión de mundo, diferente y opuesta a la impuesta por el capitalismo, y de su conexión con una ancestralidad que es el fundamento de dicha visión. Así, entre las reflexiones y denuncias de las diversas violencias sufridas por los diferentes pueblos reunidos, la celebración de la ancestralidad está siempre presente. Es por eso que la inauguración de la Jornada el 29 de enero inició con un ritual de apertura de los pueblos indígenas y otro de los pueblos negros:

Se trata de una espiritualidad nunca desvinculada de lo político, una espiritualidad que da sentido a la lucha por la vida y por el cuidado de los territorios, en su dimensión sagrada tan diferente del pensamiento utilitario capitalista. Una espiritualidad que celebra la vida con alegría, con los orixás, inquices y voduns africanos y los encantados indígenas y otras entidades danzando, celebrando, luchando, resistiendo y reexistiendo entre los vivos.

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Avispa Midia

Alarma por violaciones sexuales del ejército de Israel a mujeres y niñas de Palestina

Fuente: Avispa Midia

Por Sare Frabes

Expertos de la Organización de las Naciones Unidas (ONU) expresaron hoy su alarma por denuncias de atroces violaciones de derechos humanos contra mujeres y niñas palestinas en la Franja de Gaza y Cisjordania. Las acciones van desde detenciones y ejecuciones arbitrarias, así como violaciones sexuales.

“Estamos consternados por los informes que hablan de ataques deliberados y ejecuciones extrajudiciales de mujeres y niños palestinos en lugares donde buscaban refugio o mientras huían”, puntualizan los expertos de las Naciones Unidas, quienes forman parte de lo que se conoce como Procedimientos Especiales del Consejo de Derechos Humanos, el mayor órgano de expertos independientes del sistema de derechos humanos de la ONU.

Entre las detenidas incluyen a defensoras de los derechos humanos, periodistas y trabajadoras humanitarias. De acuerdo con los informes que ha recibido la ONU, algunas de las detenidas “sostenían trozos de tela blanca cuando fueron asesinadas por el ejército israelí o fuerzas afiliadas”.

De acuerdo con la ONU, las detenciones comenzaron desde el 7 de octubre del 2023, sometiendo a las detenidas a tratos inhumanos y degradantes, negándoles compresas para la menstruación, alimentos y medicamentos. Además de ello, han recibido fuertes palizas. “Al menos en una ocasión, las mujeres palestinas detenidas en Gaza fueron supuestamente mantenidas en una jaula bajo la lluvia y el frío, sin comida”, agregan los expertos.

Los miembros de la ONU han alertado que en los informes que han recibido hay registros de mujeres y niñas que, “han sido objeto de múltiples formas de agresión sexual, como ser desnudadas y registradas por hombres del ejército israelí.  Al menos dos detenidas palestinas habrían sido violadas, mientras que otras habrían recibido amenazas de violación y violencia sexual”, señalaron los expertos.

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También han destacado que el ejército israelí tomó fotos de mujeres detenidas en circunstancias degradantes y las subió a Internet.Los expertos exigen una investigación independiente y rápida, y que Israel coopere con dichas investigaciones, recordando su obligación de proteger los derechos de las mujeres y niñas palestinas.

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REDIM | REDIAS

Graves afectaciones a niñxs y adolescentes por violencia del crimen organizado en Chiapas

  • El 2023 fue uno de los años más violentos para las infancias y adolescencias en el estado. Se estiman más de 100 mil niñas, niños y adolescentes afectados por las disputas entre grupos criminales.
  • Desplazamiento, reclutamiento forzado, desapariciones y homicidios ponen en riesgo su vida e integridad y vulneran sus derechos humanos.

Desde el 2021, Chiapas ha sido el centro de una pugna cruenta por parte de grupos criminales que se disputan este territorio clave para el tráfico de armas, drogas y trata de personas. En esta disputa, las y los pobladores de municipios en la Sierra Mariscal han visto sus comunidades asediadas por una ola de violencia sin igual en la región. Cobro de piso, ataques armados, quema de vehículos, sitio de poblados, cortes de agua y luz. Así como amenazas, extorsiones, reclutamiento forzado, desaparición de quienes se niegan a colaborar, asesinatos violentos y desplazamiento forzado como resultado de la violencia.

En este contexto, la vida cotidiana se ha trastocado con situaciones como bloqueos que impiden salir o llegar a otras comunidades, cierre de negocios, suspensión de clases, pérdida de cultivos que no han podido cosecharse, escasez de alimentos, encarecimiento de víveres, entre otros.

El 2023 fue uno de los años más violentos para las infancias y adolescencias en el estado. Sin embargo, no existen datos oficiales que permitan entender la magnitud de la violencia a la que se enfrenta la población. A lo largo de todo el año, en diferentes municipios de Chiapas, se dieron situaciones que afectaron la vida de miles de niñas, niños y adolescentes en el estado.

En el mes de mayo, comunidades como Lajerío y Candelaria en Frontera Comalapa tuvieron que desplazarse debido a la violencia de grupos criminales. Desde entonces, diferentes comunidades a lo largo de la región Sierra Mariscal se han sumado a los territorios asfixiados por la lucha entre grupos que se disputan el control de la frontera.

Para el mes de agosto, Motozintla y Chicomuselo fueron también víctimas de bloqueos, comunidades sitiadas y con ello, escasez y encarecimiento de alimentos. En septiembre, profesores de la zona escolar 025 publicaron un comunicado en el que declaraban la suspensión de clases en dicha región debido a que no existían las condiciones para garantizar la seguridad. Dicha sección abarca los municipios de Amatenango de la Frontera, Bejucal, Bella Vista, Chicomuselo, El Porvenir, Frontera Comalapa, La Grandeza, Honduras de la Sierra, Las Margaritas, Mazapa, Motozintla y Siltepec. Si consideramos el total de población de 3 a 17 años en dichos municipios y estimamos, al menos un 70% de asistencia a la escuela de acuerdo a datos oficiales, estaríamos hablando de 108,560 niñas, niños y adolescentes afectados por la suspensión de clases debido a la violencia en el periodo de septiembre-diciembre 2023[1].

Por otro lado, la violencia también se manifestó en territorios fronterizos en la región Selva. Desde hace casi un año, comunidades de Ocosingo, denuncian el aumento de grupos criminales que realizan actividades como tala clandestina, tráfico de armas y trata de personas[2]. En las comunidades de Lacanjá Chansayab, Nueva Palestina, Santo Domingo y San Javier, estimamos que 9,098 niñas, niños y adolescentes están siendo afectados por la violencia imperante en dichos territorios.

Durante el mes de noviembre, pobladores del municipio de Maravilla Tenejapa sufrieron situaciones de quema de casas, detonaciones de armas de fuego y desplazamiento forzado debido a su temor por la violencia[3]. En dicho episodio, 13 comunidades con una población estimada de 2,883 niñas, niños y adolescentes fueron afectadas.

El 2023 cerró para muchas comunidades en un contexto de guerra. Comunidades en los municipios de Bella Vista y La Grandeza denunciaron el sitio de sus poblados por grupos criminales, quienes realizaron también cortes de agua y luz para presionarlos a unirse a sus filas. El año nuevo entró en la Sierra Mariscal con enfrentamientos, siendo particularmente violentos en el municipio de Amatenango de la Frontera.

En lo que va de enero de 2024, la situación no ha mejorado. A las disputas entre grupos criminales, se suman agresiones del ejército contra pobladores bajo la acusación de que abren el paso al crimen organizado. De este modo, poblados en los municipios de El Porvenir, Siltepec y Socoltenango se han visto amenazados por parte de los soldados y atacados con gases lacrimógenos. En dicho contexto, las familias han ido abandonando sus casas. No se tienen cifras exactas de la magnitud de la población afectada. Algunas personas han migrado a Estados Unidos o a estados de la Península y otras más buscan refugio con familiares en Tzimol y Comitán. El Centro de Derechos Humanos Fray Bartolomé de las Casas estima que son 2,300 personas desplazadas por la narcoviolencia desde el 15 de enero en los municipios de Chicomuselo, Socoltenango y la Concordia.[4] Protección Civil señala 1,884 personas atendidas en albergues de Tzimol, Socoltenango, Comitán y La Trinitaria.[5]

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Acteal: La muerte nos abrió el camino hacia la resistencia

La muerte nos abrió el camino hacia la resistencia,
la muerte no tuvo dominio,
resurge la vida entre la milpa,
la esperanza y la lucha emergen
entre el polvo que poliniza la existencia.

— Las Abejas de Acteal

En una tarde tan helada como ésta, el 21 de diciembre de 1997, unas doscientas personas de muchas edades, casi todas mujeres y niños, llegaban al colmo de una vida de desprecio y sufrimiento. En un vado lodoso, a orillas de la carretera, desde ancianos hasta bebés lloraban de rabia, de frío y de lluvia mientras apretaban sus puños impotentes porque un grupo paramilitar los había expulsado de su comunidad y mantenía a algunos de sus familiares amarrados a los árboles, quinientos metros bosque adentro. Todas y todos estaban amenazados de muerte. “Nos van a matar mañana”, decían. Un anciano curtido por humedad nos mostraba su pierna herida de bala, pues tempranito le habían disparado. “Vengan con nosotros”, proponíamos, sin entender que nunca se pondrían a salvo dejando a su pueblo atrás. Quienes veníamos de fuera lo hicimos, nos fuimos, los dejamos atrás. Al día siguiente, 22 de diciembre de 1997, 45 tzotziles, 45 personas desplazadas en su propia tierra, fueron masacradas. Cuatro bebés fueron arrancados de los vientres de sus madres con machetes y cuchillos.

Desde entonces, la Sociedad Civil Las Abejas de Acteal ha mantenido viva la luz de la memoria. El día 22 de todos los meses, y en particular todo 22 de diciembre, se recuerda y se honra a las y los asesinados aquél oscuro día, en un acto colectivo de oración, de canto, de celebración de la vida.

Sí, de celebración. Pues las y los mártires de esta tierra sagrada están vivos en el corazón colectivo de este pueblo que no se resigna, que crece en dignidad en su búsqueda de justicia y en la afirmación de la paz y la no violencia como camino en un contexto cada vez más violento. “Si nuestras voces se apagaran en medio de un sufrimiento fuerte, entonces estaríamos muertos, bajo el sello del silencio eterno. Pero nuestra voz emerge de la dignidad del pueblo que somos, de la palabra de nuestras abuelas y abuelos, del reclamo por justicia durante estos 26 años”, dicen en un comunicado.

Este 22 de diciembre de 2023, la conmemoración inició la tradicional peregrinación de varios kilómetros, de Majomut a Acteal, “Casa de la memoria y la esperanza”.

La conmemoración se lleva a cabo en un gran auditorio abierto que mira hacia la inmensidad de las montañas, arropadas con un manto de niebla. Bajo nuestros pies, en un recinto sagrado, yacen los cuerpos de los mártires de Acteal. Arriba, donde estamos nosotros, se escuchan las voces del Coro de Acteal, bajo una gran manta que dice: “Sobre la impunidad y la muerte, cantamos por la paz y por la vida”. Alrededor de un bello altar maya frente a la gran cruz en medio del espacio, se van colocando las cruces con los nombres y la edad de las y los asesinados, que se cargaron con profundo respeto en la peregrinación.

Allí se lee el comunicado de Las Abejas de Acteal y un boletín del Centro de Derechos Humanos Fray Bartolomé de Las Casas (Frayba). En el comunicado, Las Abejas dejan claro los nombres de los responsables de la masacre, los autores intelectuales que hasta hoy continúan impunes: Ernesto Zedillo, ex Presidente de la República; General Enrique Cervantes Aguirre, Secretario de la Defensa Nacional; General Mario Renán Castillo, Comandante de la Séptima Región Militar en Rancho Nuevo; Emilio Chuayffet Chémor, Secretario de Gobernación; Julio César Ruiz Ferro, Gobernador de Chiapas; Homero Tovilla Cristiani, Secretario del Estado de Chiapas; Uriel Jarquin Galvez, Subsecretario de Chiapas; Jorge Enrique Hernández Aguilar, Coordinador de Seguridad Pública de Chiapas; David Gómez Guzmán, Subprocurador de Justicia Indígena Zona Altos de Chiapas; y Antonio Pérez Hernández, Secretario de Pueblos Indígenas.

También señalan a los presidentes que desde entonces han sido cómplices de la masacre con su inacción y silencio: Vicente Fox Quesada, Felipe Calderón Hinojosa, Enrique Peña Nieto y el actual presidente Andrés Manuel López Obrador, quien no sólo no ha hecho nada por castigar a los culpables, sino que incluso llegó al extremo de condecorar a uno de los principales responsables: el General Enrique Cervantes Aguirre, entonces Secretario de la Defensa Nacional.

Este año, a la conmemoración le precedió un importante encuentro de medios comunitarios provenientes de muchas geografías del país, convocado por el área de comunicación de Las Abejas de Acteal, que se llevó a cabo el 20 y 21 de diciembre, donde se intercambiaron saberes y experiencias.

“La búsqueda de la paz brota inagotable como manantial de agua en tiempos de sequía”, dicen Las Abejas de Acteal. Con su ejemplo, con su caminar en busca de justicia y su afirmación porfiada de la paz y la no violencia como arma de lucha, Las Abejas nos iluminan con esperanza en un contexto de violencia creciente, de guerra entre cárteles del crimen organizado, de reproducción de grupos armados por todo el estado, de desapariciones, asesinatos, retenes, secuestros e impunidad, en un estado y un país que parecen desmoronarse. Esperanza de que la colectividad, el respeto, la dignidad, la consagración de los encuentros y sí, la alegría, puedan reproducirse entre todas y todos aquellos que creemos que vale la pena seguir luchando por el florecimiento de la vida.

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Entrevista con Fuad Abu Saif en Palestina sobre Gaza

Estamos cansados de estar bajo ocupación por 75 años

Escucha la entrevista en inglés aquí:
(Descarga aquí)  

Desde hace más de un mes, Israel ha bombardeado Gaza por aire, mar y tierra, en respuesta al ataque realizado por Hamás el 7 de octubre con el objetivo de acabar con el bloqueo impuesto a Gaza por 17 años, que ha causado la muerte de miles de personas, la mayoría niños. Alrededor de 1,400 personas murieron en el ataque, aunque reportes recientes desde Israel indican que es muy probable que muchos, si no la mayoría de los muertos, fueron víctimas del fuego indiscriminado por parte del mismo ejército israelí.

La ofensiva de Israel contra Gaza ha matado alrededor de 11 mil personas hasta ahora, de las cuales al menos 4 mil 500 son niños. En violación a las legislaciones internacionales y las convenciones de derechos humanos, Israel continúa masacrando a la población civil indiscriminadamente, atacando hospitales, escuelas, ambulancias, refugios, mezquitas, hogares, edificios y campos de refugiados, además de la infraestructura. Desde el 7 de octubre, Israel ha atacado por lo menos 12 mil blancos con 25 mil toneladas de explosivos, según Euro-Med Human Rights Monitor, lo que equivale a dos bombas nucleares. Enormes manifestaciones en todo el mundo han condenado lo que a todas luces es un proyecto genocida de limpieza étnica por parte de Israel, cometido no sólo por medio de las masacres directas, sino también del hambre y la privación, cortando el acceso a los alimentos y al agua limpia para una población de 2.5 millones de palestinos.

Desde Cisjordania, hablamos con Fuad Abu Saif, director general de la Unión de Comunidades de Trabajo Agrícola (UAWC), quien explicó la situación.


Foto: El Mundo

Gracias, Fuad, por estar con nosotros. Nos gustaría saber cómo está la situación en Gaza en este momento, pero antes quisiéramos saber cómo ha sido la vida en Gaza los últimos 16 a 17 años, desde que Israel cerró las fronteras en 2006.

La historia de Gaza, Cisjordania y toda Palestina no comenzó el 7 de octubre ni hace 16 o 17 años; comenzó hace 75 años con la ocupación israelita de Palestina en 1948. En 2006 se realizaron elecciones nacionales en Palestina y Hamás ganó en Gaza. De inmediato, Israel impuso un bloqueo en todo Gaza, lo cual ha hecho la vida muy difícil. Gaza es un área muy pequeña de 665 km2, rodeada por todos lados por Israel y el mar al otro lado, con una población de 2.5 millones, todos sitiados. Eso quiere decir que nadie puede entrar o salir sin pasar por la frontera con Israel. Prohibieron la entrada a Gaza de unos 100 diferentes materiales, lo que significa que las necesidades básicas no pueden entrar. Y desde luego no hay aeropuertos o cualquier otra conexión con el mundo exterior, excepto por Egipto, que tiene acuerdos con Israel y también cerró su frontera.

Trabajamos con Gaza de cerca porque nuestra oficina tiene la responsabilidad de estar en contacto con la gente allá diariamente. Miles de personas han muerto porque no hay suficiente atención en los hospitales y no hay materiales, combustible o electricidad. Desde antes del 7 de octubre, sólo había electricidad durante cuatro horas por día. El agua está contaminada, no hay agua limpia en Gaza, y nadie puede entrar o salir desde hace 16 o 17 años. La vida era imposible…

Hay quienes describen a Gaza como la mayor prisión al aire libre del mundo…

Es más que una prisión al aire libre. Israel inició cinco guerras antes de ésta en estos 16 años, matando a miles de palestinos y arrestando a muchos más. Muchos palestinos han muerto por entrar a sus tierras cerca de la frontera entre Israel y Gaza… quien se acerque después de las 6 pm es asesinado. Cientos de agricultores murieron porque llegaron tarde a sus tierras y los israelitas los atacaron. Muchos manifestantes que intentaron protestar contra la situación fueron asesinados o heridos por organizar manifestaciones cerca de la frontera con Israel; esto ha sucedido desde 2014. Las guerras significan que las operaciones militares pueden suceder en cualquier momento, y esto ha sucedido cinco veces sin ninguna razón. En los últimos 16 años, Israel inició estas operaciones militares sin ser atacados desde Gaza.

¿Cómo está la situación ahora después del 7 de octubre?

El 7 de octubre Israel inició esta guerra genocida en Gaza. El número de víctimas crece de manera asustadora, hasta anoche eran casi 11 mil palestinos asesinados en un mes y más de 55 mil heridos por los ataques aéreos contra civiles, hogares e infraestructura en Gaza. El problema es que más de 69% de las víctimas son niños y mujeres. La mayoría de la gente en Gaza son jóvenes y niños, más del 60%, por lo que todas las casas están llenas de niños, y sin alertar a nadie bombardean casas y edificios en todo Gaza. Como dije, es un área muy pequeña. No se puede describir la vida allí. No hay ningún lugar seguro en Gaza, y además del bloqueo impuesto por Israel desde hace 17 años, ahora impusieron otro tipo de bloqueo: cortaron toda la electricidad desde el 10 de octubre. Cortaron acceso a la alimentación y están utilizando el hambre en esta guerra contra la población civil palestina. Cortaron los caminos, el agua; no hay comida, agua, ningún lugar seguro…


Foto: Mahmud Hams, AFP

¿Cómo sobrevive la gente con esta falta de alimentos, agua y movilidad?

Como organización humanitaria, desde el inicio de la guerra iniciamos un programa para apoyar el acceso a la alimentación. No hay alimentos provenientes del exterior, dependemos de los pocos alimentos que hay en Gaza. Gaza es un área agrícola. Hay dos diferentes lugares. Uno es la zona de amortiguación, una gran extensión de tierra cerca de la frontera con Israel, la cual está bloqueada por Israel y nadie puede acercarse. Hay también un área pequeña dentro de Gaza, lo que llamamos los huertos caseros, donde la gente planta alrededor de sus casas. Ésta es la única fuente de alimentos que tienen. Y hay algunos proveedores grandes de alimentos en Gaza que tenían alimentos y materiales desde antes de la guerra. Estamos en contacto con ellos y en los últimos tres o cuatro días los alimentos se están acabando. Hay muy poco alimento y se está racionando entre las familias: esto para mañana, esto para pasado mañana. Uno de ellos me dijo: “Nosotros no tenemos problema con eso, pero es difícil decirle a los niños que no tenemos comida y sólo podemos comer una vez al día, que a veces es sólo pan o arroz; se los decimos y empiezan a llorar, no lo entienden, pero es la única manera de enfrentar el hambre”. Lo mismo con el agua. Por ejemplo, en Rafah, en el sur de Gaza, a donde casi 900 mil palestinos tuvieron que desplazarse, huyendo del norte, más el casi millón de personas que ya vivían allí. Tienen un solo pozo y tienen que esperar cuatro o cinco horas para llenar un recipiente de 30 a 40 litros, y si tienen suerte, tienen agua, si no, hay que regresar al día siguiente. Tratan de no usar el baño, hay un acuerdo que sólo se usa una vez al día. Las historias que nos llegan son muy duras, sobre todo para los niños. Y claro que no hay leche, y el pan a veces está tan duro que tienen que mezclarlo con agua para que los niños se lo puedan comer.

Han dejado entrar algunos camiones, unos 150 desde el inicio. Algunos vienen cargados con sólo 30% a 40% de su capacidad, y la mayoría de los productos están caducados. Otros traen cosas que la gente no necesita ahora, como ropa.


Foto: Said Khatib, AFP

Hace unas horas el EZLN publicó un comunicado. Te quiero leer una parte:

La niñez palestina asesinada no es una víctima colateral, es el objetivo principal de Netanyahu, siempre lo fue. Esa guerra no es para eliminar a Hamás. Es para matar el futuro. Hamás será sólo la víctima colateral. El gobierno de Israel ya perdió la batalla mediática, porque resulta que el genocidio, aunque se disfrace de venganza, no tiene tantos seguidores como creían. Ahora es capaz de la crueldad más inimaginable. Quien tal vez sí podría detener la masacre es… el pueblo de Israel.

Eso me lleva a un par de preguntas. La primera tiene que ver con las verdaderas intenciones de esta barbarie, apoyada por los Estados Unidos, Inglaterra y otros países europeos. ¿Cuáles son los verdaderos intereses económicos y geopolíticos en juego, y cuáles son las verdaderas intenciones de Israel y sus aliados?

Algunos hechos son obvios para todos. No sé cómo el mundo puede aceptar esto, escuchar y no hacer nada real contra este genocidio contra civiles y sobre todo niños. Israel no es sólo Netanyahu. Todos los líderes israelitas, y más aún los “civiles”, han declarado desde el inicio que no debe sobrevivir ningún civil en Gaza, que hay que matarlos a todos. Hace unos días, 100 doctores firmaron una petición exigiéndole al gobierno israelí que destruya Gaza por completo, incluyendo a los niños. Yo creo que con el apoyo incondicional de los Estados Unidos y otros gobiernos occidentales, está claro que quieren cambiar toda la región y reestructurarla en beneficio de Israel. Desde el primer momento, fueron a Israel a expresar su solidaridad y concordaron con el proyecto israelí de desplazar a los palestinos de Gaza y empujarlos a Rafah primero y después de Rafah al desierto de Sinaí. Hasta ayer, los israelitas habían matado 175 palestinos en Cisjordania, donde no está Hamás, donde no hay ninguna operación militar. Eso significa que están preparando otro desplazamiento hacia Jordania; Israel ya empezó a hablar de este proyecto de empujar a la población de Gaza al Sinaí y a la de Cisjordania a Jordania. Es un proyecto espeluznante, limpieza étnica en Cisjordania y genocidio en Gaza, con todo el apoyo de los gobiernos europeos y de los Estados Unidos, y desde luego los palestinos no lo permitirán. Lo que sucede en Gaza y la forma en que la gente está resistiendo es un ejemplo, pero es muy peligroso para todos. No hay ningún lugar para la ley internacional ahora, y están alentando a Israel a ignorarla. Están atacando a Siria de nuevo, a Líbano… hacen lo que quieren con el apoyo de Europa y de los Estados Unidos…


Foto: Mahmud Hams, AFP

Y desde luego esto sucede en el contexto de una crisis de los Estados Unidos como potencia mundial, mientras Rusia, China y BRICS se fortalecen y amenazan la hegemonía occidental.

Los Estados Unidos ven a Israel como una importante base militar. Hay gas en Gaza, grandes cantidades descubiertas en 1996 pero más aún en 2000. O sea que no sólo usan a Israel como base militar. Eso explica por qué Biden visitó a Israel al día siguiente y pronunció un discurso lleno de mentiras, está claro que está mintiendo, no hay ninguna evidencia que apoye sus declaraciones. Saben que los palestinos no tienen verdadero poder, no tenemos tanques, armas… tenemos recursos naturales. Y se trata también del acceso al mar desde Gaza, hemos sabido de este plan desde hace décadas, y la única forma de lograrlo es desplazando al pueblo de Gaza.

En este contexto, ¿qué papel juegan los otros países árabes?

Algunos son muy débiles y otros apoyan a Israel. Hablo de los gobiernos. Entre Gaza y Egipto no hay israelitas, pero la frontera está cerrada. Desde 2006, el gobierno egipcio cerró la única vía de acceso al mundo exterior para el pueblo de Gaza. O sea que están contribuyendo en la práctica. Egipto es el mayor país árabe y puede cambiar todo. Pero hacen exactamente lo contrario. Los otros países árabes están amenazados por los Estados Unidos, que ha traído todo su poder y tropas al mar, para advertirles que si se mueven o muestran su apoyo, habrá consecuencias en sus propios países. Son demasiado débiles y fragmentados y los Estados Unidos los atrajo a su lado, y a veces hasta condenan a Palestina y apoyan a Israel.

¿Qué salidas ves? El presidente Biden dijo que esto no va a parar, y Netanyahu descarta toda posibilidad de un cese al fuego. ¿A dónde va todo esto?

Es difícil hablar del futuro entre esos criminales y ese tipo de pensamiento de Biden y otros. Me espanta que todos vean a la gente morir de esa forma después de 35, 40 días de guerra y que lo justifiquen diciendo que hay que seguir atacando para evitar que Hamás se reconstruya; pero eso no es verdad. No quieren un cese al fuego porque quieren mantener la presión sobre la gente para que se desplace al sur. La ciudad de Gaza está cercada ahora y siguen matando y atacando a la gente y la gente empieza a desplazarse al sur. Eso es lo que hizo Israel en 1948, cuando atacó a más de 500 pueblos palestinos y los siguió atacando hasta que evacuaron y se desplazaron a Jordania, Líbano, Siria, etc., volviéndose refugiados. Están haciendo lo mismo ahora. Es claramente un pensamiento genocida, y todo mundo lo ve como si fuera una película. Tengo miedo de que, con la luz verde de los Estados Unidos, seguirán matando, y las cosas se pondrán cada vez más difíciles en Gaza… y todo es posible, para ser franco. No les importa el número de víctimas. No estoy optimista, tengo miedo, todos tenemos miedo de que esto continúe y se vuelva algo normal y que después de algunas semanas ya nadie hable al respecto.

Sin embargo, hay una indignación y apoyo sin precedentes en todo el mundo, con grandes manifestaciones, incluyendo a muchas comunidades judías en muchos países que dicen no, no en nuestro nombre, no aceptaremos este genocidio. ¿Ves alguna esperanza en este movimiento mundial en defensa de Palestina?

Los palestinos vemos dos fuentes de esperanza en toda esta oscuridad. Una de ellas es la resiliencia del pueblo palestino en Cisjordania y en Gaza. En Cisjordania las cosas también están muy difíciles, impusieron un bloqueo, están disparándonos y matándonos… La resiliencia del pueblo palestino es una esperanza y es fuerte.

La otra esperanza, sí, es ese movimiento en todo el mundo. Si continúa o crece, podría… por ejemplo, en Francia e incluso en los Estados Unidos, empezamos a ver un cambio muy pequeño, en palabras, no un cambio real en su posición, pero están empezando a hablar de un cese al fuego, porque hace una o dos semanas no se hablaba de eso. En Francia, lo que Macron dijo en Jerusalén fue que debería haber una alianza contra Hamás. Y después de esas grandes movilizaciones, empezaron a exigir un cese al fuego de manera muy abierta y pública. Entonces, es una esperanza. Pero es la única esperanza. No hay otras opciones para que esto termine.


Foto: Hollie Adams, Reuters

Puesto que estás en Cisjordania, ¿nos puedes contar cómo está la situación allá?

Está muy difícil y hay mucho riesgo. No podemos salir de nuestras ciudades o pueblos, cercaron todo. Hay rejas en todas las ciudades y pueblos palestinos. No se puede entrar o salir sin pasar por ellas y por los puntos de control. Si te acercas, te pueden disparar, y muchos palestinos han muerto así. Según los acuerdos de Oslo, Cisjordania se dividió en tres áreas. El área C abarca 63% de Cisjordania y contiene la mayoría de la tierra y los recursos. Desde el 7 de octubre, han estado desplazando a la gente de esa área, que es muy grande y donde se espera poder construir el Estado palestino en el futuro. Los colonos atacan las comunidades palestinas en el área C todos los días; atacan las casas, las queman, queman los ranchos, se roban las pertenencias, tumban árboles. Estamos en plena estación de las olivas, que para los palestinos es como un carnaval, pero nadie puede cosechar sus olivas porque los colonos se las roban o tumban los árboles o le disparan a los agricultores palestinos que intentan llegar a sus tierras. La semana pasada, por ejemplo, cerca de Nablus mataron algunos palestinos que cosechaban sus olivas.

Este mes mataron a 175 palestinos; sólo ayer mataron a 16 en el campo de refugiados de Yenín. Hay 5 mil 500 palestinos en la cárcel, detenidos en los últimos 20 años; pero sólo este mes, 2 mil 500 palestinos fueron arrestados.

Todos los puntos de control están cerrados. Incluso la comida aquí, aunque tenemos más espacios y proveedores, pero si continúa así, habrá escasez. Y pueden cortarnos el agua y la electricidad en cualquier momento.

¿Hay algo más que te gustaría decirle a nuestro público?

Creo que el único mensaje que todos los palestinos tenemos es que necesitamos nuestra libertad. Estamos cansados de estar bajo ocupación por 75 años. Necesitamos que nuestros hijos tengan esperanza y un futuro como todos los niños del mundo. Necesitamos estar seguros en nuestras tierras, nuestros hogares y nuestros campos. No queremos más campos de refugiados palestinos, queremos que los refugiados regresen, queremos tener un país independiente y un futuro, queremos tener soberanía sobre nuestros recursos, como los israelitas, como todos. No somos diferentes de los israelitas, somos tan humanos como todo mundo. No queremos que muera más gente. Queremos que esto pare, este ciclo de guerras, porque esta es la sexta en 15 años en Gaza. Debemos parar esto para siempre. Odiamos ver la hipocresía de los países occidentales y de los Estados Unidos al apoyar y participar directamente en el asesinato de los palestinos. Esto debe acabar. Tenemos que respetar los derechos humanos y la ley internacional, no se puede aplicar a los palestinos, a las víctimas, y dejar que Israel haga lo que quiera. Somos luchadores por la dignidad, por la libertad. No luchamos para matar o para odiar. Eso es lo que quiero que todo el mundo sepa, y que se unan a los palestinos para lograrlo. Se trata de valores humanos, no sólo palestinos. Luchar contra la ocupación aquí y en cualquier lugar es un valor humano fundamental en todo el mundo. La historia está llena de casos como éste, pero todos terminaron, y necesitamos que éste termine también y que los palestinos sean libres.


Foto: El Mundo

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Noticias de Abajo ML

Noticias de Abajo – 7 nov 2023

Rompiendo Fronteras

  • PALESTINA: Un mes de genocidio en Palestina por el Estado de Israel y más de 70 años de ocupación militar. Más de 10 mil víctimas mortales, de las cuales más de 4 mil son infancias.
  • PANAMÁ: Tercera de semana de movilizaciones masivas en el contexto del paro contra la minería. Exigen cancelación de contrato minero.

Desde el ombligo del monstruo::.

  • CDMX: Otomies en resistencia y rebeldía resisten ante intento de desalojo en su lucha por la vivienda digna y contra el olvido. Bloquean avenida por más de 20 días y doblegan al gobierno. Tercer aniversario de la TomaINPI, ahora la Casa de los Pueblos.
  • GUERRERO: Costa de Guerrero es destruida por huracán Otis categoría 5. Ante ineficiencia del gobierno y militarización, el pueblo se organiza. Más de 800 cientos mil personas.
  • CHIAPAS: Comunicados zapatistas anuncian cambios en la estructura de sus autonomías y llaman a actividad en zona rebelde por los 30 años del levantamiento.
  • OAXACA: Convocan a Faena por los presos de Eloxochitlan de Flores Magón el 18, 19 y 20 de noviembre.
  • JALISCO: ¿A dónde van los desaparecidos? Ante una grave crisis de desapariciones forzadas en el país. Madres buscadoras de Jalisco encuentran un crematorio clandestino, el tercero en el estado.

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Medios Libres

Tercera Marcha Unitaria por Palestina – CDMX

Este domingo 5 de noviembre, más de 15 mil personas se manifestaron en solidaridad con el pueblo palestino ante el despiadado ataque del Estado de Israel contra Gaza, que hasta ahora ha cobrado la vida de más de 10 mil palestinos, entre los cuales se encuentran más de 4 mil niños y 2 mil 600 mujeres, y por lo menos 25 mil 400 heridos, entre ellos más de 6 mil niños. Del lado de Israel, 1 mil 400 israelitas han muerto y 5 mil 600 han resultado heridos.

El ataque de Israel, por mar, aire y tierra, ha hecho caso omiso de la ley internacional, bombardeando hospitales, escuelas de la ONU y campos de refugiados, asesinando indiscriminadamente a la población civil. La OMS ha documentado 82 ataques a hospitales desde el 7 de octubre, efectivamente desactivando el 46% de las instalaciones de salud (muchos de ellos por falta de energía y combustible).

Desde el inicio del conflicto, por lo menos 36 periodistas han sido asesinados.

La falta de alimentos, agua y combustible está provocando una emergencia humanitaria para el pueblo de Gaza que, como muchos han denunciado, está muy cerca de provocar un genocidio. Craig Mokhiber, un alto funcionario de las Naciones Unidas, renunció como protesta por la incapacidad de la ONU de frenar lo que él llama “un genocidio de manual”.

Mientras tanto, un documento filtrado del Ministerio de Inteligencia de Israel, escrito menos de una semana después del ataque de Hamas del 7 de octubre, propone realizar una limpieza étnica de la franja de Gaza, desplazando a toda la población al desierto de Egipto.

Alrededor del mundo, cientos de miles de personas se han manifestado contra la barbarie en curso cometida por Israel. Sin embargo, los bombardeos continúan y las grandes potencias occidentales, en particular los Estados Unidos, continúan apoyando a Israel con armamento.

Enseguida las imágenes de la Tercera Marcha Unitaria que se realizó este domingo en la Ciudad de México, cortesía de los Medios Libres:

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Avispa Midia

De siembras y cosechas, discurso sobre Palestina del Subcomandante Marcos del EZLN

Fuente: Avispa Midia

 

EZLN retoma discurso de 2009. Hace casi 15 años, en nuestra palabra se advirtió la pesadilla. Fue en un semillero y fue por la voz del finado SupMarcos que hablamos. Va: https://enlacezapatista.ezln.org.mx/2… Más en https://avispa.org/inicio/

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CDH Fray Batolomè de las Casas

Comunicado de la Plataforma para la construcción de paz en México a la Sociedad Civil Las Abejas de Acteal con motivo del 25 aniversario de la Masacre de Acteal

Han pasado 25 años desde los trágicos acontecimientos del 22 de diciembre de 1997, en Acteal, Chiapas, en que 45 mujeres, niñas, niños y hombres murieron a manos de los paramilitares. 25 años de flagrante impunidad en el contexto de un país que ahora acumula masacres y asesinatos de forma cotidiana.

Ese, es el saldo que queda, cuando no se reconoce la responsabilidad del Estado y se niega el derecho a la verdad y la justicia a las víctimas.

Lejos de ver avances, durante estos 25 años de gobiernos, de distintos partidos, que nos permitieran aspirar a acciones en contra de los autores intelectuales de la masacre; hemos testificado la liberación de cada uno de los autores materiales reconocidos por los sobrevivientes. Hemos visto los esfuerzos de diferentes gobiernos por alentar la división en las comunidades y organizaciones que demandan justicia, y aún entre las propias víctimas. Hemos atestiguado la continuidad de violencia y el asesinato contra líderes de los pueblos indígenas que, como Simón Pedro, mantenían una posición de dignidad luchando por el respeto a sus derechos.

Quienes trabajamos por la construcción de paz debemos reconocer que la lucha de las comunidades, víctimas y organizaciones indígenas, en contra de la impunidad son la resistencia en contra de la degradación más profunda de la sociedad, los gobiernos y de las condiciones de vida digna para todas las personas, a través de la imposición de la injusticia por medio de la violencia. Es la resistencia en contra de la destrucción del tejido social que permite que se normalicen más de 100mil desapariciones y 200mil asesinatos acumulados durante 16 años, sin que pase nada. Sin que haya justicia como en Acteal. Sin que se detenga el tiempo, ni el mundo, bajo un exasperado grito de alarma que eleve de nuevo un ¡Ya basta!, todos los días, en todas las personas, a cada segundo.

Como personas constructoras de paz, debemos hoy agradecer y reconocer el gran ejemplo que la Sociedad Civil “Las Abejas” de Acteal, nos ha dado desde hace más de 30 años. Reconocer y celebrar la lucha que les permitió liberar a quienes estaban injustamente presos en 1992 durante su conformación, convertirse en un ejemplo de lucha por la paz hasta el día de hoy; y resistir ante la impunidad de la violencia perpetrada en su contra el 22 de diciembre de 1997.

Desde la Plataforma para la Construcción de Paz en México, conformada simbólicamente, en éstas mismas tierras sagradas de los mártires de Acteal, la Casa de la Memoria y la Esperanza, bajo el testimonio de su organización, celebramos su lucha, asumimos su ejemplo y nos solidarizamos con sus demandas para que un día la justicia y la paz se besen.

Muchas gracias
Plataforma para la Construcción de Paz en México