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Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN): o espelho que me persegue

En español aquí.
Tradução: Aline Spaniak

“O EZLN é o espelho que me persegue”, foi o que nos disse o artista oaxaquenho Lukas Avendaño durante o Encontro (Rebel e Revel) Arte, realizado no Caracol Jacinto Canek e no Cideci/UniTierra, em Chiapas/México, de 13 a 19 de abril de 2025. Mas não é qualquer espelho, ele esclareceu: é o espelho fumegante de Tezcatlipoca, o espelho de obsidiana que reflete seu verdadeiro ser, mesmo que você não queira vê-lo. Para ele, como para tantas e tantos outros, o EZLN é um espelho onde vê refletido seu próprio ser — no seu caso, seu ser indígena e seu ser muxe (termo Zapoteca para identidades de gênero não binárias) — com dignidade; reflexo que o impulsiona a contribuir com suas performances e sua vitalidade para a construção de outra humanidade possível.

O Encontro (Rebel e Revel) Arte foi isso: um espelho fumegante que, a partir da reflexão sobre a crise global que atravessamos, nos interpela com uma questão desconfortável, porém, mais necessária do que nunca: e vocês, o que estão fazendo? Uma pergunta que ganha força diante da constatação de tudo o que eles e elas — sobretudo os jovens e as jovens — fazem para enfrentar a tormenta que vivemos, não apenas com coragem e determinação, mas também com uma alegre rebeldia.

Como é possível que nesses espaços onde, durante uma semana, se insistiu — por meio de todas as formas artísticas (poesia, teatro, música, dança, circo, performance, cinema, artes plásticas, literatura e mais) — no provável colapso do nosso mundo diante da voracidade do capital, e na morte e no sofrimento inconcebível que esse processo de colapso implica e implicará para boa parte da humanidade, o que tenha predominado foi justamente a alegria, a festa, a celebração da vida?

Parte da resposta está no contexto. Como confirma o relatório do Centro de Direitos Humanos Fray Bartolomé de Las Casas, Chiapas na espiral da violência armada e criminal, Chiapas vive, há anos, uma gravíssima situação de violência armada, com operação impune de grupos do crime organizado, desaparecimentos e recrutamentos forçados, militarização, assassinatos, imposição de megaprojetos, criminalização e agressões contra defensores do território, entre muitas outras violações. Nesse contexto, as comunidades indígenas e camponesas enfrentam um processo de decomposição social que empurra os jovens a abandonar a terra, muitas vezes migrando para o norte ou unindo-se à delinquência.

É nesse contexto — em que muitos “especialistas” previam o fim do zapatismo — que as e os jovens zapatistas se manifestam com força, criatividade e alegria, incorporando a ética de defesa e amor pela vida impulsionada pelo zapatismo há mais de três décadas. Lá estavam as e os milicianos (zapatistas civis com treinamento militar para a autodefesa das comunidades) com sua dignidade rebelde, jovens artistas protagonistas de peças teatrais extraordinárias, artistas plásticos, rappers, poetas. Uma juventude muito outra, rompendo os moldes do que se entende por juventude indígena, com a vitalidade de uma tradição viva, um olhar voltado para o futuro fundamentado na consciência do passado. Ou seja, uma esperança de vida em meio à tormenta.

No dia 15 de abril, no Caracol Jacinto Canek, uma centena de jovens vindos dos 12 caracóis apresentaram a peça “A natureza se revela e se rebela”. Vestidos com belíssimos figurinos — confeccionados por eles mesmos — representando uma grande variedade de animais, explicaram como a destruição do planeta e a mercantilização da vida os afetam. Também deram voz à água, fonte de vida cada vez mais escassa e contaminada, e por fim, à própria Terra, que sofre com a mineração, a poluição, os agrotóxicos e muito mais. É então que os seres da Terra decidem se organizar e defender a vida de forma coletiva. Quando os empresários chegam com seus portfólios, sua ganância, suas máquinas e seus operários, os insetos — seguidos de todos os outros animais — os atacam e os expulsam. “A vida é comum, comum é a vida; agora nos cabe recriar e renascer outra vida, e isso deve ser em comum”, dizem.

“O comum”, nos dizem por meio das peças de teatro, das músicas, dos poemas, das artes plásticas, é o único caminho diante da maquinária de morte de um sistema cuja voracidade não conhece limites. A prática do “comum” no zapatismo não é novidade. Na verdade, é o fundamento de sua construção desde os tempos da clandestinidade. A organização e o trabalho coletivo foram, desde o início, a base de todo o caminhar zapatista — e, certamente, da construção da autonomia —, desde o autogoverno e a justiça autônoma até a saúde e a educação autônomas, a soberania econômica, a comunicação, a agroecologia e todas as formas de resistência e rebeldia. Mas, é nos tempos recentes que “o comum” se coloca explicitamente como o centro não apenas das grandes transformações internas em curso nos últimos anos, mas também da interpelação do zapatismo para fora, para nós, no contexto da crise global. Sem a ação coletiva de organizações, grupos e indivíduos ao redor do planeta — tanto no campo quanto na cidade —, não haverá vida possível diante da destruição em curso, nos diz o zapatismo uma e outra vez.

Quando o EZLN tornou explícita a noção de “o comum” pela primeira vez em dezembro de 2023, referia-se especificamente a uma proposta radical de posse da terra: a “não propriedade”. Ou seja, terras recuperadas que o EZLN declarava “em comum” — terras de ninguém e de todos — nas quais, após acordo coletivo entre zapatistas e não zapatistas da região, qualquer indivíduo ou coletivo poderia trabalhar coletivamente, beneficiando-se de sua produção, mas sem ser proprietário da terra nem de tudo o que nela fosse construído. Defender a terra, portanto, não significa buscar o reconhecimento oficial de sua propriedade por parte do Estado, mas, ao contrário, abolir o próprio conceito de propriedade e promover o uso comum da terra para o benefício coletivo. No entanto, a proposta do comum não se limita às comunidades indígenas zapatistas e não zapatistas de Chiapas: ela se abre ao mundo, diante da urgência de enfrentar coletivamente a crise global. Diante disso, indivíduos e coletivos de qualquer geografia são convidados a trabalhar em comum para aprender a cultivar a terra e adquirir conhecimentos que ajudem a sobreviver à tormenta.

As peças de teatro e demais criações artísticas apresentadas durante as celebrações do 30º aniversário do levante zapatista, no caracol de Dolores Hidalgo, entre dezembro de 2023 e janeiro de 2024, elaboraram ainda mais a ideia do comum. E, na primeira sessão dos Encontros de Resistência e Rebeldia, em dezembro de 2024 e janeiro deste ano, a comandância, as autoridades civis e os promotores e promotoras de educação e saúde compartilharam o sentido e a genealogia da ideia do comum, que não deriva do marxismo nem de qualquer outra teoria de origem europeia, mas sim da experiência dos avôs e avós dos povos originários.

Agora, neste Encontro (Rebel e Revel) Arte, a noção de “comum” se abre a toda forma de coletividade organizada e radicalmente democrática. Assim, a peça “O amor na tormenta e o dia depois”, criada por jovens dos caracóis de La Realidad, Oventic, Garrucha, Morelia, Roberto Barrios e La Unión, explora a privatização da terra em comunidades irmãs, não zapatistas, o que leva à sua subsequente subdivisão geração após geração, até que se torne impossível viver dela. A peça também aborda a exclusão das mulheres do direito à terra; a decomposição social; a criminalidade, o uso de drogas, o alcoolismo e a prostituição; a migração e a venda das terras diante do endividamento. Já no final, uma comunidade irmã procura os zapatistas, que os orientam com ideias e formação para a construção da autonomia em comum. Dessa forma, a proposta do “comum” vai além da não propriedade das terras recuperadas. A coletividade do comum se estende a todos os aspectos da vida: saúde, educação, justiça, autogoverno, criação e reprodução de mundos em todos os cantos — sementes para o florescimento de uma outra humanidade “no dia depois” do colapso de nossa civilização.

Esse esforço consiste também na partilha “em comum” de conhecimentos e saberes que ajudem a enfrentar a tormenta. Assim, jovens zapatistas — entre 12 e 20 anos — compartilharam saberes herdados de seus ancestrais, que permitem viver de forma autônoma, sem depender de avanços tecnológicos que, por sua vez, dependem de um sistema não sustentável. Fabricação de cestos, pigmentos, adobe, panelas e pratos, cal hidratada, cordas, entre outros — tudo feito com materiais naturais.

Por outro lado, as muitas obras apresentadas pelas e pelos artistas não zapatistas nos convidaram a refletir e a sonhar outras possibilidades a partir de uma extraordinária pluralidade de perspectivas, em uma grande variedade de contextos e geografias. Em tudo isso, evidentemente, a Palestina, assim como as “buscadoras” — os coletivos de mães incansáveis que buscam seus filhos desaparecidos no México — estiveram sempre presentes.

No último dia, 19 de abril, no Cideci/Universidade da Terra, o encontro foi encerrado com uma mesa coordenada pelo Capitão Marcos, da qual participaram Los Zurdos, Payasos en Rebeldía, Stefani Weiss, Antonio Ramírez, Luis de Tavira e o Subcomandante Moisés.

Encerramos aqui com algumas palavras de Iván Prado, do coletivo Payasos en Rebeldía, que nos lembra que é na infância e na juventude que se encontra a esperança de um novo amanhecer: “As crianças mantêm um lugar de espontaneidade, de crença profunda na capacidade de viver nossos sonhos: a força de sonhar. A capacidade do ser humano de construir mundos a partir dos sonhos. A inocência, a consciência e a potência que temos na infância têm a ver com saber quem somos e onde estamos. Somos a semente desse futuro, desse dia depois. O que vimos nestes dias é a semente dessa arte futura que virá após o colapso. Nós, artistas que participamos deste encontro nestes dias, estamos semeando esse amanhã, porque o amanhã se semeia hoje.”

Olhando-nos no espelho de obsidiana que a arte e a criatividade zapatista colocam diante de nossos olhos, partimos deste encontro confrontados com a provocação escrita em grandes letras no palco do Caracol Jacinto Canek: “Despertem já, povos do mundo”. E, com ela, a pergunta insistente que nos lança o espelho zapatista: E você, o que está fazendo?

Veja também:

Alguns áudios das apresentações, gravados pelo coletivo KeHuelga, estão disponíveis aqui.

Entrevista a Lukas Avendaño: (Descarga aquí)  

Entrevistas realizadas pelos RZtitas, o comando infantil de RZ:

Payasos en Rebeldía: (Descarga aquí)  

Mastuerzo: (Descarga aquí)  

Entrevistas realizadas pelo coletivo KeHuelga:

Delmar Penka: (Descarga aquí)  

Errante Piratería Roja: (Descarga aquí)  

Paz de Bitácora de Aguas: (Descarga aquí)  

Titze Malambé: (Descarga aquí)  

Mesa de encerramento

Los Zurdos: (Descarga aquí)  
Payasos en Rebeldía: (Descarga aquí)  
Stefany Weiss: (Descarga aquí)  
Antonio Ramírez: (Descarga aquí)  
Luis de Tavira: (Descarga aquí)  
Subcomandante Insurgente Moisés: (Descarga aquí)  

Entrevistas em vídeo realizadas por Armadilla del Sur para Rádio Zapatista:

Foto-reportagem

Foto de portada: Carlos Ogaz

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Video: Encuentro (Rebel y Revel) Arte

Los días 13 a 19 de abril de 2025, el EZLN organizó el Encuentro (Rebel y Revel) Arte, realizado en el Caracol Jacinto Canek y en el Cideci / Universidad de la Tierra Chiapas. El eveto es parte de una serie de encuentros con el fin de reflexionar sobre la crisis civilizatoria que atravesamos, imaginar otra humanidad posible y caminar de forma conciente y colectiva rumbo al “día después”. Aquí compartimos algunas de las presentaciones a lo largo de los 7 días del encuentro.

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Audiovisuales en el Encuentro (Rebel y Revel) Arte

Durante el Encuentro (Rebel y Revel) Arte, en el Caracol Jacinto Canek, se presentaron varias obras audiovisuales. Compartimos aquí algunas de ellas.

Mateo Rodríguez. Con 13 años de edad, Mateo es el creador de extraordinarias obras de Stop Motion. Entre ellas, “Evolución = Involución”

La Teia dos Povos (Tejido de los Pueblos) es una articulación de movimientos sociales autonomistas en Brasil, constituyendo una alianza negra, indígena y popular en el campo y la ciudad. Jhedys Kann, del Movimiento de Lucha por la Tierra y la Teia dos Povos, creó el cortometraje de ficcion “Candinga”, sobre “el día después” del colapso civilizatorio y la ancestralidad indígena y negra como fuentes para reconstruir el mundo, recuperando las semillas de la yuca, sagrado alimento de los pueblos originarios de Brasil.

Christy Petropolou presentó varios videos:

“IJÉ MARIRÃ Ã – Siempre recordar”, sobre la cultura de lo común entre los pueblos Kayapó Mebengokre en la Amazonia en Brasil. Documenta la ceremonia de juramentación de la jefa Pãnh-Ô Kayapó (mayo de 2023), la pintura corporal y la elaboración de la comida tradicional Kayapó. Destaca la importancia de las Ferias Tradicionales de Semillas para el pueblo Mebengokré y su intención de participar en el Festival de Semillas de Peliti, en el municipio de Paranesti, al norte de Grecia. El Festival de Semillas de Peliti es una grande feria de libre intercambio de semillas.

El video “O Pranto de Poinkarah” de Sandoval Amparo (en colaboración con Christy Petropoulou de Ciudades Invisibles y otros) sobre la lucha de la matriarca Puancara y de los Kayapo Mebengokre contra las grandes obras como de barajes, extracción petrolera y minera, despojo de sus tierras y la contaminación de los ríos y las selvas en Amazonia de Para. El filme revela el cotidiano de la lucha de integrantes da Aldeia Ngojamoroti, en la Tierra Indígena Kayapó-Mebengokré, en Conceição do Araguaia de Para Brazil. Disponible aquí: https://drive.google.com/file/d/1_Q2XXja46UiWqusr-7_Kbr77PodiQ5cu/view?usp=drivesdk

El video “Que miren al cielo” (να βλέπουν τον ουρανό), de Joaquín O’Ryan, sobre el despojo de Lesvos Solidarity por el espacio de PIKPA que habla de la criminalización de la solidaridad con los refugiados en Lesvos Grecia:

Juventud Comunista. Compañeros de la Juventud Comunista presentaron “El canto del papán”, un cortometraje que retrata la importancia biocultural de la tierra y el territorio para las comunidades totonacas, así como las problemáticas y amenazas que se presentan por la extracción de hidrocarburos. Desde la mirada del papán, un ave protector que avisa a los habitantes de la selva sobre intrusos, se narran las transformación que ha vivido la región de Papantla, Veracruz:

El Colectivo Komún Cinema realizó, del 29 de julio al 27 de septiembre del 2024, acciónes formativas compuestas por 10 talleres cortos de disciplinas diversas @ las faldas del volcán en la periferia de la capital Michoacana, intitulados “REConociendo el territorio”. Algunos de los audiovisuales resultantes se pueden encontrar aquí: https://www.komuncinema.mx/elterritorioquehabitamos/

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Artes plásticas en el Encuentro (Rebel y Revel) Arte

Durante el Encuentro (Rebel y Revel) Arte, realizado en el Caracol Jacinto Canek y en el Cideci/UniTierra Chiapas, se presentó una gran diversidad de obras de artes plásticas. Aquí un registro fotográfico realizado por Radio Zapatista.

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EZLN, el espejo que me persigue

Em português aqui.

“El EZLN es el espejo que me persigue.” Eso nos dijo el artista oaxaqueño Lukas Avendaño durante el Encuentro (Rebel y Revel) Arte, realizado en el Caracol Jacinto Canek y en el Cideci/UniTierra Chiapas del 13 al 19 de abril de 2025. Pero no cualquier espejo, aclaró: el espejo humeante de Tezcatlipoca, el espejo de obsidiana que refleja tu verdadero ser, aunque no quieras verlo. Para él, como para tantas y tantos otros, el EZLN es un espejo donde ve reflejado su propio ser —en su caso, su ser indígena y su ser muxe— con dignidad; reflejo que lo impulsa a contribuir con sus performances y su vitalidad a la construcción de otra humanidad posible.

El Encuentro (Rebel y Revel) Arte fue eso: un espejo humeante que, a partir de la reflexión sobre la crisis global que atravesamos, nos interpela con la pregunta, sin duda incómoda, pero más que nunca necesaria: Y ustedes, ¿qué? Una pregunta que cobra fuerza a partir de la constatación de lo mucho que ellos y ellas, sobre todo los jóvenes y las jóvenas, hacen por enfrentar la tormenta que vivimos no sólo con fiereza y determinación, sino también con alegre rebeldía.

¿Cómo es posible que en esos espacios donde, durante una semana, se insistió por medio de todas las formas artísticas (poesía, teatro, música, danza, circo, performance, cine, artes plásticas, literatura y más) en el probable colapso de nuestro mundo ante la voracidad del capital, y en la muerte y el inconcebible sufrimiento que el proceso de dicho colapso implica e implicará para buena parte de la humanidad, lo que haya primado haya sido la alegría, la fiesta, la celebración de la vida?

Parte de la respuesta está en el contexto. Como confirma el informe del Centro de Derechos Humanos Fray Bartolomé de Las Casas, Chiapas, en la espiral de la violencia armada y criminal, Chiapas vive desde hace años una gravísima situación de violencia armada, operación impune de grupos del crimen organizado, desaparición y reclutamiento forzados, militarización, asesinato, imposición de megaproyectos, criminalización y agresiones a defensores del territorio y mucho más. En ese contexto, las comunidades indígenas y campesinas sufren un proceso de descomposición social que impulsa a los jóvenes a abandonar la tierra, muchas veces migrando al norte o uniéndose a la delincuencia.

Es en ese contexto, en el que muchos “expertos” pronosticaban el fin del zapatismo, que las y los jóvenes zapatistas se manifiestan con fuerza, creatividad y alegría, incorporando la ética de defensa y amor por la vida impulsada desde hace más de tres décadas por el zapatismo. Ahí estaban las y los milicianos con su dignidad rebelde, los jóvenes artistas protagonistas de extraordinarias piezas de teatro, los artistas plásticos, los raperos, los poetas. Una juventud muy otra, rompiendo los moldes de lo que se entiende por juventud indígena, con la vitalidad de una tradición viva, con una mirada al futuro fundamentada en la conciencia del pasado. O sea, una esperanza de vida en medio de la tormenta.

El 15 de abril, en el Caracol Jacinto Canek, una centena de jóvenes provenientes de los 12 caracoles presentaron la obra “La naturaleza se revela y se rebela”. Ataviados con bellísimos disfraces, confeccionados por ellos mismos, de una gran multitud de animales, explican cómo les afecta la destrucción del planeta y la mercantilización de la vida. Habla también el agua, fuente de vida contaminada y cada vez más escasa, y finalmente la Tierra, que sufre por la minería, la contaminación, los agroquímicos y mucho más. Es entonces que los seres de la Tierra deciden organizarse y defender la vida en colectivo. Cuando los empresarios llegan con sus portafolios, su avaricia, su maquinaria y sus obreros, los insectos primero y después todos los animales los atacan y los ahuyentan. “La vida es común, común es la vida; ahora nos toca recrear y renacer otra vida, y eso debe ser en común”, dicen.

“El común”, nos dicen por medio de las obras de teatro, las músicas, los poemas, las artes plásticas, es el único camino frente a la maquinaria de muerte de un sistema cuya voracidad no tiene límites. La práctica de “el común” en el zapatismo no es nueva. De hecho, es el fundamento de su construcción desde los tiempos de la clandestinidad. La organización y el trabajo colectivos han sido desde sus inicios la base de todo el caminar zapatista y desde luego de la construcción de la autonomía, desde el autogobierno y la justicia autónoma hasta la salud y educación autónomas, la soberanía económica, la comunicación, la agroecología y todas las formas de resistencia y rebeldía. Pero es en tiempos recientes que “el común” se plantea explícitamente como el centro no sólo de los grandes cambios internos en curso en los últimos años, sino también de la interpelación del zapatismo hacia fuera, hacia nosotras y nosotros, en el contexto de la crisis global. Sin la acción colectiva de organizaciones, agrupaciones e individuos a lo largo del planeta, tanto en el campo como en la ciudad, no habrá vida posible ante la destrucción en curso, nos dice el zapatismo una y otra vez.

Cuando el EZLN hizo explícita la noción de “el común” por primera vez en diciembre de 2023, se refería específicamente a una propuesta radical de tenencia de la tierra: la “no propiedad”. O sea, tierras recuperadas que el EZLN declaraba “en común”, tierras de nadie y de todos en las que, tras común acuerdo por parte de zapatistas y no zapatistas de la región, cualquier individuo o colectivo podría trabajar en común, beneficiándose de su producción, pero sin ser propietario de la tierra ni de todo aquello que en ella se construyera. Defender la tierra, por lo tanto, no implica el reconocimiento oficial de su propiedad por parte del Estado, sino, al contrario, la abolición del concepto mismo de propiedad y el uso común de la tierra para beneficio colectivo. Pero la propuesta del común no abarca solamente a las comunidades indígenas zapatistas y no zapatistas de Chiapas: se abre al mundo ante la urgencia de enfrentar colectivamente la crisis global. Ante eso, se invitan a individuos y colectivos de cualquier geografía a trabajar en común para aprender a labrar la tierra y adquirir conocimientos que ayuden a sobrevivir la tormenta

Las piezas de teatro y demás creaciones artísticas presentadas durante las celebraciones del 30 aniversario del levantamiento zapatista en el caracol de Dolores Hidalgo, en diciembre de 2023 y enero de 2024, elaboraron aún más la idea del común. Y en la primera sesión de los Encuentros de Resistencia y Rebeldía en diciembre de 2024 y enero de este año, la comandancia, autoridades civiles y promotoras y promotores de educación y salud compartieron el sentido y la genealogía de la idea del común, que se deriva no del marxismo ni de cualquier otra teoría de origen europeo, sino de la experiencia de los abuelos y abuelas de los pueblos originarios.

Ahora, en este Encuentro (Rebel y Revel) Arte, la noción del común se abre a toda forma de colectividad organizada y radicalmente democrática. Así, la obra de teatro “El amor en la tormenta y el día después”, creada por jóvenes de los caracoles de La Realidad, Oventic, Garrucha, Morelia, Roberto Barrios y La Unión, explora la privatización de la tierra en comunidades hermanas, no zapatistas, que conduce a su subdivisión subsecuente generación tras generación, hasta que se vuelve imposible vivir de la misma. La obra explora también la exclusión de las mujeres de la propiedad de la tierra; la descomposición social, la delincuencia, la drogadicción, el alcoholismo y la prostitución; la migración y la venta de la tierra ante las deudas. Hacia el final de la obra, una comunidad hermana busca a los zapatistas, quienes los orientan con ideas y capacitación en la construcción de la autonomía en común. Así, la propuesta de “el común” va más allá de la no propiedad de tierras recuperadas. La colectividad de lo común se extiende a todos los aspectos de la vida: la salud, la educación, la justicia, el autogobierno, la creación y reproducción de mundos por doquier que sean semillas para el florecimiento de una humanidad otra “el día después” tras el colapso de nuestra civilización.

Este esfuerzo consiste también en la compartición “en común” de conocimientos y saberes que ayuden a enfrentar la tormenta. Así, jóvenes y jóvenas zapatistas de entre 12 y 20 años de edad compartieron conocimientos heredados de sus antepasados que permiten vivir de forma autónoma sin depender de avances tecnológicos a su vez dependientes de todo un sistema que no es sustentable. Fabricación de canastos, pigmentos, adobe, ollas y platos, calidra, cuerdas, etc., todo con materiales naturales.

Por otro lado, las muchas obras presentadas por las y los artistas no zapatistas nos invitaron a reflexionar y a soñar otras posibilidades desde una pluralidad extraordinaria de perspectivas en una gran variedad de contextos y geografías. En todo eso, evidentemente, Palestina, así como las buscadoras, estuvieron siempre presentes.

El último día, el 19 de abril, en el Cideci/Universidad de la Tierra, el encuentro cerró con una mesa coordinada por el Capitán Marcos en la que participaron Los Zurdos, Payasos en Rebeldía, Stefani Weiss, Antonio Ramírez, Luis de Tavira y el Subcomandante Moisés.

Cerramos aquí con algunas de las palabras de Iván Prado de Payasos en Rebeldía, quien nos dice que es en la infancia y la juventud donde se encuentra la esperanza de un nuevo amanecer: “Los niños mantienen un lugar de espontaneidad, de creencia profunda en la capacidad de vivir nuestros sueños: la fuerza de soñar. La capacidad del ser humano de construir mundos a partir de los sueños. La inocencia, conciencia y potencia que tenemos en la infancia tiene que ver con saber qué somos y dónde estamos. Somos la semilla de ese futuro, de ese día después. Lo que hemos visto estos días es la semilla de ese arte futuro que vendrá tras el colapso. Todas las artistas que hemos participado en este encuentro estos días estamos sembrando ese mañana, porque el mañana se siembra hoy”.

Mirándonos en el espejo de obsidiana que el arte y la creatividad zapatista nos colocan frente a los ojos, partimos de este encuentro confrontados con la provocación escrita en grandes letras en el templete del Caracol Jacinto Canek: “Despierten ya, pueblos del mundo”. Y con ella, la pregunta insistente que nos plantea el espejo zapatista: Y tú, ¿qué?

Ve también:

Algunos audios de las presentaciones, grabados por la KeHuelga, están disponibles aquí.

Entrevista a Lukas Avendaño: (Descarga aquí)  

Entrevistas realizadas por los RZtitas, el comando infantil de RZ:

Payasos en Rebeldía: (Descarga aquí)  

Mastuerzo: (Descarga aquí)  

Entrevistas realizadas por la KeHuelga:

Delmar Penka: (Descarga aquí)  

Errante Piratería Roja: (Descarga aquí)  

Paz de Bitácora de Aguas: (Descarga aquí)  

Titze Malambé: (Descarga aquí)  

Mesa de cierre

Los Zurdos: (Descarga aquí)  
Payasos en Rebeldía: (Descarga aquí)  
Stefany Weiss: (Descarga aquí)  
Antonio Ramírez: (Descarga aquí)  
Luis de Tavira: (Descarga aquí)  
Subcomandante Insurgente Moisés: (Descarga aquí)  

Entrevistas en video realizadas por Armadilla del Sur para Radio Zapatista:

Fotorreportaje

Foto de portada: Carlos Ogaz

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Modevite | Gobierno comunitario de Chilón | Comuidades organizadas

Aumenta la resistencia a la autopista San Cristóbal-Palenque en Chiapas

El Movimiento en Defensa de la Vida y el Territorio (MODEVITE), el Gobierno Comunitario de Chilón y comunidades organizadas por el territorio publicaron un boletín en el que manifiestan su repudio al proyecto de la autopista San Cristóbal de Las Casas–Palenque y a la construcción del primer tramo de Palenque a Ocosingo. Dicho proyecto se ha promovido desde el gobierno de Juan Sabines Guerrero y Felipe Calderón (2006–2012), pero no se ha podido concretar debido a la resistencia de las comunidades organizadas, que se verían afectadas social, cultural, ecológica y económicamente.

El presente gobierno de Eduardo Ramírez pretende ahora llevarlo a cabo, supuestamente con la aprobación de los pueblos indígenas e individuos afectados. Para tal, se realizó el pasado 23 de marzo una “consulta pública” que, según denunciaron las organizaciones y pueblos citados, fue claramente amañada, sin información previa de los impactos ambientales, sociales y culturales, sin invitación previa a las comunidades afectadas, con votación de personas fuera del municipio que no se verían afectadas. Ante dichas violaciones, se presentaron dos amparos el pasado 31 de marzo.

Ese día, el MODEVITE realizó una rueda de prensa en San Cristóbal de Las Casas, que reproducimos aquí:

Boletín de prensa
31 de marzo de 2025, San Cristóbal de las Casas, Chiapas

A los medios de comunicación nacionales e internacionales
A los Pueblos Indígenas en resistencia por la vida y por la Madre Tierra
A las organizaciones y centros de Derechos Humanos
A las autoridades municipales, estatales y federales

Nosotros, pueblos y comunidades indígenas tseltales, tsotsiles y pueblo mestizo nos pronunciamos en contra del proyecto de la Autopista Palenque–San Cristóbal de las Casas, Chiapas, así como de la construcción del primer tramo de Palenque a Ocosingo, toda vez que viola nuestro derecho a la libre determinación, al territorio y a vivir en armonía con la naturaleza y a un medio ambiente sano, seguro y sustentable. Queremos dejar claro que, desde sus orígenes, dicha autopista ha sido un proyecto discriminatorio, racista y excluyente de quienes trabajamos la tierra y habitamos el territorio.

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Comunicado: Colectivos de familiares buscadoras de todo el país.

Ciudad de México, a 15 de marzo de 2025.

Dra. Claudia Sheinbaum Pardo.
Presidenta de México.

Usted sabe que el campo de exterminio de Teuchitlán no es un evento aislado, la desaparición forzada de personas es un horror que se remonta a la Guerra Sucia, que continuó en el largo periodo neoliberal y se agudizó en el momento en que Felipe Calderón declara la guerra contra las drogas; desde luego que no comenzó en su administración, ni en la de su antecesor, pero tampoco se contuvo entonces
ni se contiene ahora. Por el contrario, el fenómeno se generaliza y el dolor se multiplica en todos los estados de la república y alcanza a muchos sectores sociales. Hace nueve meses una mayoría de votantes la eligió a usted para presidir la república, la felicitamos a usted y a tantos que han depositado su confianza en el proyecto que representa, pero a pesar de las expectativas de tantas víctimas que también ejercimos nuestro derecho al voto, usted parece no querer voltear a vernos: no nos nombra, parece no escucharnos y no se dirige a nosotras.

La desaparición de personas es un delito de lesa humanidad que a diario se comete en México. Este crimen se ha convertido en una pesadilla nacional y hoy ocupa las primeras planas de los medios de comunicación, nacionales e internacionales, pero para quienes tenemos seres queridos desaparecidos ocupa mucho más que espacio en la prensa, es la razón de nuestro martirio, es tortura que no cesa, dolor sin fin y sin consuelo.

Sin embargo, queremos creer que usted sabe que somos madres y padres, hermanas y hermanos, hijas e hijos, vecinos y amigos, que buscamos con esperanzas y zozobra, varillas y uñas, a nuestros seres queridos. Usted debe saber que somos nosotras, las familias, quienes ante la omisión del estado hemos asumido la responsabilidad y la carga de la búsqueda, ya sea en hospitales u oficinas forenses, en redes sociales y bajo la tierra, y que hemos llegado a muchos rincones en los que pensamos podríamos encontrar a los nuestros. También sabe usted, que conoció hace muchas décadas a unas madres buscadoras como Rosario Ibarra de Piedra y las madres de EUREKA y que, como ellas, vamos a seguir luchando hasta encontrarlos.

Es importante que recuerde, presidenta Claudia, que no nos mueve un proyecto político, ni favorable ni contrario al suyo, porque usted entenderá que quienes padecemos esta angustia y vivimos pendientes de la esperanza de encontrar a nuestros desaparecidos, nos es realmente muy difícil pensar en cualquier otra cosa que no sean nuestros familiares.

Queremos que sepa, presidenta, que no queremos perder definitivamente la esperanza en encontrar a nuestros familiares, incluidos a los 43 normalistas de Ayotzinapa, ni en que la verdad y la justicia se abran paso, por eso le decimos que ha llegado la hora de que usted nos mire de frente y asuma con nosotros la responsabilidad de buscar a los desaparecidos y parar las desapariciones.

El país está sumergido en una inocultable crisis humanitaria. México está de luto. Por eso necesitamos de su sensibilidad y voluntad política. Pero no nos pida, ni a nosotras las familias de las y los desaparecidos ni al pueblo en general, que en nombre de la defensa de la patria guardemos silencio, olvidemos a nuestros desaparecidos, dejemos de buscarlos y menos aún de exigir justicia.

Usted, como presidenta de la República, debe ya reconocer la existencia de la grave crisis de desapariciones, misma que se materializa en los hallazgos de campos de extermino, hornos crematorios y fosas clandestinas; una maquinaria de muerte que recuerda lo peor de la historia de la humanidad, donde los muertos y desaparecidos se cuentan por cientos de miles.

Las familias de todo el país queremos darle las gracias al Colectivo Guerreros Buscadores de Jalisco, que por su valentía pusieron al descubierto el infierno y el horror en Teuchitlán, al igual que los hacemos los colectivos y familias en tantos lugares del país. Presidenta, que no la engañen ni se engañe; no pertenecemos a ningún partido político, ni tenemos otras banderas que no sean la verdad, la justicia y la presentación de nuestros seres queridos con vida.

Pensamos que es urgente que nos sentemos a dialogar sobre las formas y los mecanismos para que usted y el gobierno que encabeza, por ello, exigimos:

1) asuma la existencia de más de las más 120 mil personas desparecidas y los incontables miles de migrantes desaparecidos que no están en los registros oficiales.

2) reconozca el trabajo colectivo de las familias que en todo el país buscamos a nuestros seres queridos y abra un espacio de escucha y de diálogo con las organizaciones sociales y colectivos.

3) apoye a quienes vivimos amenazados, y a pesar del infierno que padecemos, salimos a buscar a las decenas de miles de mexicanos y migrantes que permanecen desaparecidos y el estado mexicano se ha mostrado incapaz de buscar y encontrar.

4) sancione a los servidores públicos que han permitido por omisión o aquiescencia, el horror que se destapó en Teuchitlán.

5) se identifique y se entreguen dignamente los restos de las personas que han sido localizadas en ese y todos los campos se extermino y fosas clandestinas en Teuchitlán y en todo el país.

6) se fortalezcan las estrategias de búsqueda y se tomen las medidas necesarias para atender e identificar a los cientos de personas que se encuentran en las fosas comunes, las que administra el propio estado, que es donde van a parar los restos de las victimas después de que las familias los encontramos en los parajes donde fueron arrojados.

7) es urgente reactivar el Centro Nacional de Identificación Humana, dotarlo de los recursos necesarios e incorporar a las familias como consejeros y coadyuvantes de la institución.

8) frente a la emergencia nacional es urgente construir un sistema judicial que resuelva las demandas de las víctimas. Si la reforma del poder judicial no conduce a ese resultado habrá fracasado.

Presidenta Claudia, por el bien de todos.

¡escúchenos! ¡véanos!

¡Es momento de que hable con nosotras, las familias de los desaparecidos!

Atentamente

Colectivos de familiares buscadoras de todo el país.

CDMX. 16 de marzo 2025

radio
Radio Zapatista

Jornada de lucha contra la desaparición forzada en México

Colectivos de madres buscadoras, activistas, periodistas, defensores de derechos humanos, religiosos y religiosas se reunieron en el Zócalo de la Ciudad de México para protestar por las víctimas de desaparición forzada en todo el país. El descubrimiento de un rancho en Teuchitlán, Jalisco, donde fueron encontrados restos humanos de más de doscientas personas, incineradas y obligadas por el cártel Jalisco Nueva Generación (CJNG), ha despertado la indignación a lo largo y ancho del país. En muchas plazas públicas se llevaron a cabo protestas contra está política de exterminio y demandaron a las autoridades encabezadas por la presidenta Claudia Sheinbaum que asuma su responsabilidad por los miles de desapariciones forzadas que cotidianamente se realizan en todo México.

radio
Huellas de la Memoria

Colectivo Huellas de la Memoria denuncia intento de intromisión de partidos políticos en la Vigilia y Luto Nacional Popular

Ciudad de México, a 13 de marzo de 2025
Segundo Comunicado Urgente

A los colectivos de familias buscadoras de todo el país.
A las familiares, padres y madres de hijas víctimas de feminicidio.
Al pueblo de México.
A los medios de comunicación nacionales e internacionales.

Presente.

Ustedes disculparán pero tal parece que a algunas y algunos políticos carroñeros carroñeras no les quedó clara nuestra denuncia del martes 11 de marzo.

¿De verdad no les quedó claro?

Cuando advertimos y dijimos que partidos políticos se estaban acercando para abanderar la iniciativa de Vigilia y Luto Nacional Popular por los trágicos acontecimientos de Teuchitlán Jalisco, lo hicimos con la información veraz y oportuna que colectivos buscadores de familiares nos habían hecho llegar.

Denunciamos la tentación del agandalle, y no ventilamos sus nombres ni apellidos, porque creímos que ante la denuncia y advertencia del primer comunicado, se iban a abstener de manchar esta limpia iniciativa de los colectivos da familias que buscan a las y los suyos.

Hoy, nos vemos en la obligación de ser más precisos en la denuncia, porque conforme pasan los días, la iniciativa crece y se fortalece por todo el país, y también crece la ambición de los partidos que tratan de suplantar a los convocantes, haciéndose pasar por “sociedad civil organizada” y en otros casos, ni siquiera esconden sus siglas, ni su cinismo oportunista de querer encabezar la vigilia, y por tanto, la denuncia contra el gobierno.

Los nombres de un lado y de otro.

El martes 11 por la tarde, personas del Movimiento Nacional por la Esperanza, organización vinculada a Morena, se acercaron a colectivos de familiares en la Ciudad de México para ofrecer, inexplicablemente, mobiliario, carpas y sillas de parte del Profesor René Bejarano y de Dolores Padierna. Las familias las rechazaron de inmediato, y ese mismo martes se comunicaron con nosotros, motivo por el cual se hizo el primer comunicado urgente, advirtiendo la intromisión y el riesgo de manchar la convocatoria.

Ayer miércoles, personas cercanas al ex senador Emilio Álvarez Icaza, preguntaron a compañeros que cómo iba a estar la logística, a qué hora sería el evento central, y quiénes participarían, y “si se ofrecía algo”.

Como ustedes saben, Álvarez Icaza, forma parte del Frente Cívico Nacional, y del nuevo partido “Somos México” junto con Guadalupe Acosta Naranjo, Fernando Belaunzarán del extinto PRD, Gustavo Madero, del PAN, entre muchos otros impresentables que hoy, según la coyuntura, se hacen pasar por “sociedad civil”, para así aprovechar acciones de protesta que les sirvan y posicionarse frente al gobierno en futuro proceso electoral.

Es tanta su necedad y cinismo, que hace unas horas, han lanzado por redes sociales (x antes tuiter ), un video en el que convocan a la Vigilia y al Luto Nacional, y lo mismo hace una Plataforma político electoral, llamada UNE, vinculada a ellos mismos.

Una vez más reiteramos:

Como convocantes y organizadores de la iniciativa, y junto con colectivos de familias buscadoras de todo el país, les decimos a los partidos políticos viejos o nuevos, que no los queremos aquí, que, aunque se vistan de “Sociedad Civil”, aunque se llamen UNE, aunque se digan Frente Cívico Nacional “Somos México”, tienen la manos manchadas de sangre, al igual que la tienen los de Morena, PT, Partido Verde, PAN, PRI, PRD, Movimiento Ciudadano. Y les decimos que no vamos a caminar con quien nos metió en este infierno. No necesitamos de su apoyo. No queremos que nos acompañen. No queremos que se presenten. No queremos que manchen esta Vigilia que con tanta rabia y dignidad estamos organizando.

Esperemos que ahora sí les quede claro.

A la Presidenta Claudia Sheimbaum Pardo, le exigimos que deje su soberbia y la comodidad de su Palacio, que deje de inventarse un país que no existe. Y que, si quiere enfrentarse a la realidad, se encuentre cara a cara con todos los colectivos de familias buscadoras, ellos y ellas le ayudarán y nos ayudarán a buscar la puerta de salida del infierno, ese infierno que usted, señora presidenta nunca ha pisado.

Atentamente

Huellas de la Memoria

radio
Gobierno Comunitario de Chilón

Gobierno comunitario de Chilón, Chiapas, denuncia consulta amañada para construccion de autopista San Cristóbal-Palenque

En este comunicado, el Gobierno Comunitario de Chilón, Chiapas, denuncia irregularidades, falta de información, amenazas, corrupción y consulta amañanada el 9 de marzo de este año para la construcción de la autopista San Cristóbal de Las Casas – Palenque.

(Descarga aquí)  

San Martín, Cruztón, Chilón, Chiapas, a 28 de febrero de 2025.

A los tres niveles de gobierno
A las diferentes organizaciones de derechos humanos nacionales e internacionales
A los medios de comunicación
A los pueblos originarios
Ala opinión pública.

Estamos este día reunidos en la comunidad de San Martín, Cruztón, acompañando a diferentes comunidades de Chilón que se ven afectadas por el proyecto de la autopista San Cristóbal – Palenque.

Reunidos en un solo corazón, alzamos la voz para defender nuestro territorio. Esta construcción, que a voz del gobernador, es un desarrollo para el pueblo, en realidad ha estado llena de irregularidades y violaciones a nuestros derechos como pueblos originarios, toda vez que han sacado estudios de suelo sin nuestro consentimiento y sin información previa de por qué y para qué serán utilizados. Además, algunas comunidades han recibido amenazas por parte de ingenieros que toman las muestras de suelo, advirtiendo que de no permitirlo, la siguiente vez estarían acompañados del grupo táctico denominado PAKAL, generando con esto temor y miedo en la población.

Algunas de las autoridades comunitarias, que son la voz del pueblo, en realidad están tomando decisiones propias y sin consultar a las comunidades, además de que no está rindiendo informe del proceso de construcción de la autopista, violando con esto los reglamentos internos de nuestro ejido. La falta de información y claridad que guarda el gobierno, toda vez que en las comunidades de Chilón se rumoraba que el gobernador estaría presente el día 22 de febrero, pero no existía certeza.

Posteriormente, horas antes de su presencia en el municipio, a través de las redes sociales Facebook, se invitó a los ejidos Guaquitepec, San Jerónimo y San Sebastián Bachajón a participar en una consulta pública a mano alzada sobre el proyecto de construcción de la autopista San Cristóbal Palenque a las 11 de la mañana. Pero ¿cómo decidir claramente cuando no hay un aviso previo, cuando sólo unas autoridades del ejido sabían pero no informaron al pueblo, cuando no vocearon a través del aparato de sonido, que es el único medio aprobado por todos y todas para convocar?

El día del evento, el gobernador informó que se instalarían casillas de consulta el día 9 de marzo para que el pueblo decida si está de acuerdo con la construcción de la autopista o no. ¿Pero cómo pretende que se decida sin informar sobre los impactos ambientales, culturales y sociales que este proyecto genera? ¿Por qué vender la autopista como algo que cambiará el rostro a la selva de Chiapas, sin especificar cuáles serán estos cambios positivos y negativos y cuáles serán los rostros en específicos que se cambiarán?

Por ello reiteramos nuestra inconformidad y nuestro rechazo total a la construcción de la autopista San Cristóbal Palenque y rechazamos la supuesta consulta realizada el día 9 de marzo por no poder contar con la información necesaria para votar y por vulnerar nuestro derecho como pueblos originarios, estipulado en el artículo 2 constitucional. A ustedes, banquil huixquilzinabech, dicen que es un proyecto que genera desarrollo pero ¿a costa de quién o a quiénes? Para los mismos de siempre que tienen dinero y pueden poner negocios para las empresas, que pueden quedar con nuestras tierras a precios bajos. Dicen que los ingresos los maneja el pueblo. Nosotras y nosotros les preguntamos: ¿quiénes manejarán ese recurso? Los mismos de siempre que roban y son corruptos.

Como defensores de la Madre Tierra exigimos:

  • respeto a nuestros derechos
  • consulta libre, previa e informada para los pueblos originarios
  • detener el despojo
  • no permitir que nos arrebate nuestra tierra y nuestros recursos
  • justicia y transparencia
  • entrega del documento sobre impacto ambiental y cultural con la construcción de la autopista en tseltal y español antes de realizar la consulta
  • presupuesto económico y la procedencia de su financiamiento,
  • información de los resultados de la consulta de cada comunidad, ejido y municipio por donde pretenden construir la autopista.

No estamos en contra del progreso. Como pueblos originarios entendemos y creemos en el lekil kuxlejal, el buen vivir, el cual no es posible pasando por encima de nosotros y nosotras, destruyendo y despojándonos de nuestro territorio.

Nuestra tierra no se vende, se ama y se defiende.

Atentamente,
Gobierno Comunitario de Chilón y Autoridades de San Martín.